sex, 19/04/2024 - 12h03
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Livre: o estilo de natação mais praticado nos Jogos da Melhor Idade

Mergulhando em busca de liberdade, dois atletas premiados de Campinas demonstram que a natação é uma modalidade que promove a independência.

Na manhã de quinta-feira (18), o céu de Mococa estava cinzento, mas a piscina da Associação Esportiva Mocoquense brilhava com os atletas do JOMI. Em busca de suas independências, os experientes nadadores premiados de Campinas, Kenji Shimizu e Deolinda Piton, representam o município no estilo de natação que mais apreciam: o livre.

No terceiro dia de competições, além das modalidades de tabuleiro e baralho, a natação entrou em cena, abrindo espaço para a chegada de novos atletas ao JOMI. Kenji Shimizu e Deolinda Piton, dois renomados atletas do município de Campinas, chegaram diretamente para não só mostrar suas habilidades esportivas, mas também para reforçar a liberdade proporcionada pela competição para os 60+.

Prestes a completar 92 anos, Shimizu é um dos mais experientes atletas do JOMI e mostra que a idade é apenas um número ao competir nas modalidades de natação e tênis de mesa. Representando Campinas, Shimizu brilhou em 2023, conquistando medalhas de ouro e prata em suas respectivas modalidades, mostrando ser um dos atletas à altura do torneio, e espera conquistar mais medalhas neste ano.

Kenji Shimizu já conquistou a prata na prova dos 25 metros nado livre e o bronze nos 25 metros nado costas em edições anteriores do JOMI.
Kenji Shimizu já conquistou a prata na prova dos 25 metros nado livre e o bronze nos 25 metros nado costas em edições anteriores do JOMI.

“No JOMI, me sinto livre e muito feliz quando conquisto medalhas”, diz Kenji Shimizu, com os olhos atentos aos seus adversários da natação. “Vim do Japão para Campinas a trabalho em 1960, e quando me aposentei, encontrei no tênis e na natação o que me faltava: liberdade para fazer o que gosto.”

Mas não foi apenas Shimizu que está deixando a sua marca no JOMI. Deolinda Piton, aos 89 anos, não só compete na natação há mais de duas décadas, mas também encontrou no JOMI um novo começo. Dona de 360 medalhas e troféus, Deolinda já se sentiu muito presa e agora quer ser livre para fazer o que quiser, inclusive passar horas dentro da piscina.

Deolinda compete pelo JOMI há 10 anos no estilo livre e revezado.
Deolinda compete pelo JOMI há 10 anos no estilo livre e revezado.

Para Deolinda, o JOMI não é apenas uma competição, mas sim um refúgio de acolhimento e liberdade. Vítima de um relacionamento abusivo, Deolinda viu sua vida mudar radicalmente ao mergulhar de cabeça na natação. Desde então vem buscando novos desafios no nado livre e revezamento.

“Por muito tempo meu marido me prendeu em casa e decidi, há 20 anos, que precisava cuidar de mim e ser livre, então encontrei na natação a libertação”, conta Deolinda orgulhosa da sua atitude. “Graças à natação fiz amigos, conquistei prêmios, ganhei a admiração dos meus filhos e netos e até ganhei o apelido de ‘Linda das Piscinas’. Posso dizer que estar na piscina é estar livre.”

Criado pelo Governo do Estado de São Paulo, por meio da Secretaria Estadual de Esporte, os Jogos da Melhor Idade (JOMI) são uma iniciativa que visa promover a saúde, o bem-estar e a inclusão social para os idosos por meio da prática esportiva. Mais do que apenas uma competição esportiva, o JOMI proporciona um ambiente onde os idosos podem se sentir acolhidos e valorizados. É um lugar onde histórias de vida como a de Deolinda encontram espaço para serem compartilhadas, e onde o esporte se torna uma ferramenta poderosa de superação e libertação.

Por meio do JOMI, os idosos não apenas competem, mas também se fortalecem e reconectam com uma parte essencial de si mesmos: a vontade de serem independentes.

Fotos: Caroline Freitas e Edson Sousa